domingo, 20 de abril de 2014

O QUE NÃO SE DEIXA VER

Se para alguns parece completamente feliz, para outros poderás parecer sem noção, irresponsável.
Muitos já perceberam o quão facilmente expressa seu riso, mas somente os puros e verdadeiros saberão reconhecer profundamente as incontroláveis e incansáveis lágrimas que afogam, que sufocam, que lavam...
Dos que ouvem os risos pouquíssimos conseguirão ouvir o soluço, por esse muitas vezes ser tão silencioso a ponto de não haver possibilidade de ouvi-lo mas apenas de senti-lo com a mais profunda sensibilidade e ternura.
Julgam de insanidade à  insensibilidade, de irresponsabilidade à incoerência, de fortaleza à imaturidade. Infinitos são os julgamentos e seus impiedosos julgadores, pouquíssimos serão os justos acolhedores.
E nos seus olhos o brilho que os acostumastes a demonstrar sempre que houvesse alguém a frente pois a eles só lhes é permitido que inundem-se quando a escuridão vos arrodear.
Aos seus lábios foram destinadas as inúmeras palavras as vezes soltas, por vezes vãs, em momentos inadequadas ou até inadequadas a certos momentos. E a esses mesmos lábios a missão de silenciar quando tocados pelas incontroláveis gotas de alívio e amargura que vierem das janelas da alma e que por diversas vezes caem desenfreadamente. Sábia e forte serás se conseguires fazer com que esse momento seja o ápice da solidão.
E durante toda a vida correrás o risco de perder o controle, ou de deixar-se controlar. Há também a possibilidade de perder o caminho ou de perder-se por um caminho qualquer.
E por fim, não por ser o fim, mas por chegares a conclusão de que somente a ti caberá a decisão.
Finalmente a luz, inicialmente ofuscante depois pacientemente irradiante.